O começo...

No segundo semestre de 2008, quando tínhamos que agendar as férias de 2009 na empresa que trabalhamos, surgiu a idéia de sairmos em férias em grupo.Essa idéia foi sendo divulgada e fechamos o grupo com 6 mulheres com expectativas e perfis diferentes, mas, também, convergentes em muitos pontos .

O período escolhido foi de 10 dias a partir de 13/04/2009, uma vez que o nosso feriado da semana santa começa na quarta-feira e assim teríamos mais alguns dias disponíveis. Já o destino foi mudando e consolidando ao longo do tempo. New York, México foram algumas das opções, mas a crise mundial e as exigências legais nos fizeram mudar de idéia, pois não teríamos tempo suficiente para emissão dos documentos e agendamento de vistos.

Em janeiro de 2009 foi a nossa primeira reunião oficial para discutir a viagem e definir o destino. Escolhemos a Argentina, mas os detalhes dessa viagem só se consolidariam depois de muitas discussões, afinal como escolher os lugares que visitaríamos, se iríamos ou não fechar um pacote com uma agência, se viajaríamos de carro, ônibus ou avião ou um mix de vários meios de transporte e se incluiríamos ou não outros países vizinhos?

Claro que essa definição não foi fácil, afinal os interesses do grupo era o mais diversificado possível. Das seis integrantes do grupo, duas torciam pelo roteiro escolhido, pois queriam ter contato com uma paisagem diferente da que temos no Brasil. Duas preferiam um lugar com sol e praia, pois tinham medo do frio e duas estavam mais interessadas na viagem, independentemente do destino.

Depois de muitas pesquisas, elaboração e comparação de orçamentos decidimos que o nosso roteiro se limitaria à Argentina e incluiria Buenos Aires, Ushuaia e El Calafate, fariamos todo o trajeto de avião e nós mesmas montaríamos o nosso pacote.E assim tivemos o desenho inicial da nossa viagem que ocorreu no período de 08/04 a 20/04/2009.

O que eu achei da viagem

Sem dinheiro, mas com muito glamour!

Apesar de termos planejado essa viagem, cometemos um erro que nos deixou sem dinheiro, mas mesmo assim não perdemos o glamour, ou pelo menos, foi assim que encaramos o problema.

É importante ressaltar que antes da viagem um dos pontos principais das nossas discussões foi quanto levaríamos em dinheiro e se levaríamos Dólar, Real ou Peso. No final optamos por Reais que converteríamos na Argentina.

Então para entender como chegamos ao ponto de estar sem dinheiro é importante registrar que viajamos na quarta-feira antes da sexta-feira santa e apesar de ter pensado na possibilidade de ser feriado bancário na quinta-feira, depois de pesquisar em diversos sites e não descobrir nada a respeito resolvemos relaxar e não pensar mais no assunto.

Ao chegar no Aeroporto Internacional de Ezeiza seguindo o conselho que lemos no blog 63278 (http://www.viajeaqui.abril.com.br/) fizemos a conversão no Banco de La Nacion Argentina, que tem o melhor câmbio lá. No entanto, na esperança de ter uma taxa melhor no Centro, resolvemos que só trocaríamos R$ 100,00 cada uma, apenas para os gastos daquele dia com táxi e jantar e que no dia seguinte trocaríamos o resto no Banco do Brasil ou na Corretora de Câmbio América.

No translado até ao nosso primeiro hostel, conversando com o taxista, tivemos a notícia que tanto temiamos, ou seja, no dia seguinte seria feriado bancário na Argentina e, pior, já passava das 17h, o que significava que não havia como correr até o centro para fazer a conversão.

Voltar à Ezeiza não era uma opção, afinal o táxi até lá nos custaria $180,00. Restava-nos a opção de fazer a troca nas casas de câmbios da Florida, que já sabíamos que tinham as piores taxas.

No entanto, naquela noite, depois do jantar, para começar nossa estadia glamourosa na cidade, eu, Beth, Denise e Paty22 (o quarteto) seguimos o conselho da minha professora de espanhol e fomos para o point indicado por ela. Entramos no táxi e dissemos "Vicente López y Junin", como sua sugestão, e chegamos a um lugar de bares cheios de charmes, no bairro de Recoleta.

Escolhemos o louge bar & music PorteZuelo que é uma graça, mas depois de curtir o lugar e um bate-papo agradabilíssimo veio a conta e descobrimos que a água custava $10,00. Esse foi um susto, afinal jurávamos que tínhamos visto no cardápio que a água custava $6,00 (o que já é o dobro do preço no Brasil), mas o pior foi descobrirmos que havia umas letras miúdas no rodapé que informava que $6,00 era o preço mínimo e que depois da meia-noite os preços ficavam mais caro. Mas resolvemos relaxar e não desperdiçar nossa noite tão charmosa, afinal eles aceitavam cartão de crédito .

Na manhã seguinte verificamos que teríamos que continuar a usar táxi, ao invés dos baratíssimos ônibus urbanos, pois para usá-los precisaríamos de moedas e depois de diversas tentativas concluímos que era impossível consegui-las naquela cidade, pois esse era o recurso mais escasso.

Como estávamos dispostas a aproveitar o que a cidade nos oferecia, resolvemos que iríamos fazer o reconhecimento da cidade,mas quando fomos às corretoras de câmbio da Florida tivemos a confirmação de que a taxa era péssima. Enquanto no aeroporto nós conseguimos 1,54 ali nos ofereciam 1,13 e, como ainda nos restava alguns (poucos) pesos resolvemos adiar um pouco aquela transação, mas no final do dia já estávamos desesperadas com a quantidade de pesos que tínhamos e, então optamos pela medida de emergência. Sacamos parte do dinheiro que havíamos depositado no Citibank, o que nos deixou radiantes.

Continuamos nosso reconhecimento da cidade e fomos até ao Obelisco e no meio do caminho nos deparamos com um teatro, onde estava tendo a apresentação de o Fantasma da Ópera. E é claro que para nossa viagem glamourosa não poderíamos perder essa oportunidade e entramos na fila para comprar o ingresso. Nossa primeira opção era comprar o ingresso mais barato, mas estes não estavam mais disponíveis. Então nos restava apenas os mais caros que custavam quase todo o peso que tínhamos naquele momento.

Resolvemos ser conscientes da nossa realidade financeira e decidimos não comprar o ingresso. E então fomos para o café Havanna para um delicioso cappucinno, mas no dia seguinte já havíamos desistido desse momento consciente e resolvemos voltar até ao teatro para comprar o ingresso. Assim o quarteto mais uma vez usou o cartão de crédito para mais um evento glamouroso que ocorreu na noite de sábado.

No sábado pela manhã já estávamos quase sem dinheiro novamente, pois tivemos que fazer a reserva do hostel para a nossa última etapa da viagem em Buenos Aires, então voltamos ao Citibank para sacar o que ainda nos restava. Por um dia nos sentimos ricas (apesar de não termos tantos pesos assim) e como no dia seguinte embarcaríamos no aeroporto de Ezeiza, estávamos mais tranquilas, pois poderíamos converter alguns reais e seguir a nossa viagem.

Reunimos para analisar quanto reais precisaríamos trocar e chegamos a um determinado valor e acabamos, no final, tendo na média a mesma quantidade de pesos.

Na nossa estadia em Ushuaia não deixamos de fazer nada que nos interessou e até fizemos algumas comprinhas, mas quando chegamos a El Calafate já estávamos novamente com poucos pesos. E pior, como havíamos definido uma quantidade média de pesos para cada uma de nós, todas estavam descapitalizadas em uma cidade que consideramos a mais cara.

Ao iniciar nossas pesquisas do que fazer na cidade o que mais nos interessou foi o mini-trekking só que os preços eram altos e a primeira agência que vimos que aceitava cartão de crédito cobrava um valor adicional. Muitas nem cartão aceitavam. Mas como não desistimos facilmente fomos à agência Hielo & Aventura, que era a responsável por organizar esse tipo de excursão e esta aceitava cartão de crédito. Então nossos problemas estavam resolvidos e no dia seguinte curtimos um lindo passeio, incluindo ao final uísque com gelo do perito e champagne.

Novamente curtimos os passeios que nos interessava, mas quando voltamos à Buenos Aires aterrisamos no Aeroparque e descobrimos que ali não havia onde trocar os nossos reais. Então estávamos mais uma vez pobres.

Ficamos hospedadas na rua Florida, então tomamos a decisão que se chegássemos ao limite do desespero trocaríamos os reais que tínhamos naquelas casas de câmbio. Mas como ainda não estávamos tão desesperadas contamos os pesos que ainda nos restava e o quarteto, decidiu que ir naquela noite a um show de tango.

Isso nos deixou quase descapitalizadas, mas na manhã seguinte (domingo) seguimos as sugestões da minha professora e fomos até San Telmo, onde fizemos algumas compras (claro que das coisas mais baratas) e almoçamos. No final da tarde voltamos à Florida onde com os nossos cartões de crédito fizemos as últimas compras e tomamos um delicioso sorvete no Freddo. Afinal, nosso lema passou a ser que não deveríamos nos preocupar durante a viagem e, sim deixar isso apenas para quando chegasse a fatura.

Na manhã seguinte, em nossas últimas horas em Buenos Aires, fomos até a praça San Martin e vimos a exposição de ursos, compramos as últimas lembranças e almoçamos no Freddo, afinal por $20,oo podíamos comer um crepe, tomar refrigerante e ainda tomar mais uma vez o delicioso sorvete.

Esses nossos últimos momentos glamourosos comprometeu o tempo necessário para embarcarmos de volta para casa e para piorar, no momento que fomos até a esquina para tomar o táxi havía uma manifestação na Av Corrientes. Desespero total! Foi aquele corre-corre e acabamos arrastando nossas malas até uma rua que não estava sendo afetada por aquela manifestação. Tomamos o táxi e tínhamos menos de 15 min para chegar ao aeroporto no tempo exigido para o check-in.

Estávamos eu, Denise e Paty22 no táxi e esta olhou para mim e disse para eu não me preocupar. Foi o suficiente para quebrar aquela tensão, dei uma gargalhada e disse: não importa se perdermos o vôo, o importante é não perdermos o glamour. Todas rimos e seguimos para o aeroporto.

Apesar do atraso, não tivemos problemas em fazer o check-in e embarcamos sem problemas, finalizando assim nossa viagem cheia de glamour.